Qua, 14 Out, 04h25
Roma, 14 out (EFE).
O escritor português e Nobel de Literatura (1998) José Saramago chamou o papa Bento XVI de "cínico" e disse que a "insolência reacionária" da Igreja precisa ser combatida com a "insolência da inteligência viva".
"Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" desta pessoa, disse Saramago em um colóquio com o filósofo italiano Paolo Flores D'Arcais, que hoje lança "Il Fatto Quotidiano".
Saramago, por sua vez, encontra-se na capital italiana para divulgar o livro "O Caderno" e se reunir com amigos italianos, como a vencedora do Nobel de Medicina Rita Levi Montalcini (1986).
"Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" desta pessoa, disse Saramago em um colóquio com o filósofo italiano Paolo Flores D'Arcais, que hoje lança "Il Fatto Quotidiano".
Saramago, por sua vez, encontra-se na capital italiana para divulgar o livro "O Caderno" e se reunir com amigos italianos, como a vencedora do Nobel de Medicina Rita Levi Montalcini (1986).
No colóquio com Flores D'Arcais, Saramago afirmou que sempre foi um ateu "tranquilo", mas que agora está mudando de ideia.
"As insolências reacionárias da Igreja Católica precisam ser combatidas com a insolência da inteligência viva, do bom senso, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só tem interesse no poder", afirmou.
]Segundo Saramago, a Igreja não se importa com o destino das almas e sempre buscou o controle de seus corpos.
Perguntado se o pouco compromisso dos escritores e intelectuais poderia ser uma das causas da crise da democracia, o escritor disse que sim. Porém, disse que este não seria o único motivo, já que toda a sociedade encontra-se nesta condição, o que provoca uma crise de autoridade, da família, dos costumes, uma crise moral em geral.
Perguntado se o pouco compromisso dos escritores e intelectuais poderia ser uma das causas da crise da democracia, o escritor disse que sim. Porém, disse que este não seria o único motivo, já que toda a sociedade encontra-se nesta condição, o que provoca uma crise de autoridade, da família, dos costumes, uma crise moral em geral.
Saramago destacou que o fascismo está crescendo na Europa e mostrou-se convencido de que, nos próximos anos, ele "atacará com força". Por isso, ressaltou, "temos que nos preparar para enfrentar o ódio e a sede de vingança que os fascistas estão alimentando".
A visita de Saramago a Roma acontece a um dia do lançamento do seu mais novo livro "Caim", no qual volta a tratar da religião.
A visita de Saramago a Roma acontece a um dia do lançamento do seu mais novo livro "Caim", no qual volta a tratar da religião.
FONTE : Agência EFE
N.E: É por isso que uma renomada Igreja está pensando até em fazer concurso para Pastor, é porque o negócio é bom mesmo!!!!

Um comentário:
O Velho Sábio: Comenta Saramago.
José Saramago, escritor português, ganhador do Prêmio Camões e do Nobel da Literatura, é considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (diretor de O jardineiro fiel e Cidade de Deus). Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, é membro do Partido Comunista Português.
Por mais que se diga ateu, a religiosidade está presente em sua obra como em: Memorial do convento (1982), O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991) e agora em Caim (2009). O ateísmo é mais uma religião hoje. Já tem até acampamento ou retiro para ateus, tentando se contrapor aos organizados por igrejas. A sua tentativa de negação de Deus é a maior prova do conflito espiritual em que vivem. Interessante, Saramago, escrever sobre Caim, porque ele foi alguém que tentou buscar o favorecimento divino, ao seu modo, com o “fruto da terra” e não com uma oferta de sangue como Abel. Adão já havia tentado ao pecar, se cobrir com folhas, numa tentativa de se cobrir a nudez. Deus não aceitou, e cobriu eles com peles de animais, portanto, teve que um animal morrer, sangue ser derramado, para eles serem cobertos. Metaforicamente, significa que diante de Deus é preferível estar nu, do que tentar nos cobrir com nossas justificativas e camuflagens do ser, conforme diz o Salmo 32, “Bem aventurado, aquele cujo transgressão é perdoada e o pecado coberto”. Só podemos ser cobertos pela expiação oferecida por Deus, que durante séculos, foi simbolizada pelo sacrifício de animais, mas foi consumada uma vez por todas na cruz por Jesus Cristo, como diz o Evangelho de João, quando João Batista ao ver Jesus, exclama, “Eis aí o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Alguém poderia dizer: Mas Deus não foi injusto com Caim, rejeitando sua oferta, sendo que ele era lavrador da terra? Não. Caim poderia ter trocado legumes e frutas por um carneiro com Abel e oferecido um sacrifício de sangue também. A Bíblia diz que Deus não se agradou, não foi só de sua oferta, mas dele também. Em todo o tempo Deus estava tratando com ele, quando ele manifestou o desejo homicida, Deus o avisou. Depois do crime, quando ele foi banido para outra região, Deus marcou-o com um sinal, para não ser morto, por quem o encontrasse. O Caminho de Caim é o caminho de quem quer se chegar a salvação, pela sua justiça própria (o fruto da terra), sem o sacrifício do Cordeiro de Deus, expiado em nosso lugar.
O famoso escritor e filósofo francês Voltaire, foi um perseguidor ácido dos dogmas da fé cristã, mas no seu leito de morte disse: “Eu me confessei, se Deus me perdoava, morro esperando a misericórdia divina que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela”. Ainda há tempo para Saramago, espero que ele encontre Aquele que não fundou religião, mas disse que é O Caminho, A verdade e a Vida.
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